Num olhar antropológico sobre as "Ilhas do Porto" registamos de imediato a importância da sua localização e contextualidade urbana, associada a uma plena integração dos seus moradores na cidade do Porto.Mas numa análise mais interpretativa e antropológica destes lugares vamos encontrar um sentimento de pertença e de partilha comunitária, onde todos partilham uma mesma construção identitária urbana, reforçando aí, os seus mecanismos de pertença e de referenciação cultural. Uma espécie de valorização histórica do contexto construído, onde se perpetuam memórias colectivas e trajectos individuais.
A "Ilha" é uma espécie de arca da memória, de pequeno museu onde se guardam de forma operativa vivências, socializações e partilhas. Umas positivas e outras mais negativas, associadas à exiguidade da pequena casa, às poucas condições sanitárias e de infra-estruturas públicas. As positivas revelam um micro-cosmos rico e diversificado de interacções e jogos sociais, entre os mais pequenos ( a"canalha") como gostam de dizer e os mais velhos.
Aqui, lugar e território cruzam-se numa rede complexa de interacções sociais, de vidas e de emoções, uma espécie de reconhecimento do lugar antropológico mais concreto e real.O lugar é uma espécie de pequena plataforma de trajectórias de vidas, onde cada família, cada morador de acordo com as suas possibilidades e aspirações projecta processos de mobilidade social. Para Anthony Giddens o «termo lugar não pode ser usado em teoria social simplesmente para designar um "ponto no espaço", como tampouco podemos falar de pontos no tempo como uma sucessão de "agoras". O que isso significa é que o conceito de presença -,ou melhor, de mutualidade de presença e ausência - tem de ser explicado em termos tanto da sua espacialidade quanto da sua temporalidade» (1995:95 e ss.).
Estas tipologias do habitar urbano, que designamos por "Ilhas" estruturam a sua morfologia fisica e social, em função de um conceito de local forte, com referências de grande complexidade ao úso do espaço a fim de fornecer os cenários da interacção, essenciais à sua contextualidade. Estamos perante locais com uma forte acessibilidade de presença, com relações sociais de forte integração social e integração sistémica. Não nos podemos esquecer que estamos perante um local de residência com um corpo ecológico e arquitectónico de grande singularidade, com meios de mobilidade e de comunicação tipicamente urbanos, com relações de apropriação fortes e afectivas ao mundo circundante. Estas condições são fundamentais na construção de uma identidade contrastiva positiva entre este micro-espaço e a grande cidade (Giddens,1997:604). As "Ilhas do Porto" afastam-se de forma radical do conceito e imagem de bairro periférico do subúrbio da cidade canónica. Estes bairros de subúrbio são construções arquitectónicas localizadas em não-lugares, onde as relações sociais são impessoais, frias e distantes. Uma espécie de cidades ao alto, deslocadas e estigmatizadas na forma e na função.
As "Ilhas do Porto" caminham em direcção a um urbanismo social e a uma filosofia que valoriza a urbanidade e a vida na cidade. Por exemplo, Wirth já defendia o urbanismo como modo de vida, isto é, a sua tese suponha por exemplo que o urbanismo era uma forma de existência social de tal forma que para este autor «las influencias que las ciudades ejercen sobre la vida social del hombre son mayores de lo que indicaría el percentaje de población urbana; pues la ciudad no sólo se está convirtiendo en el lugar de assentamiento y trabajo del hombre moderno, sino que es además el centro que inicia y controla la vida económica, politica y cultural, el centro que ha atraído a las más remotas comunidades del mundo a su órbita..» (1934:342 e ss.). Wirth (1934) aceita que a densidade da vida social nas cidades possa conduzir a uma formação de pequenos bairros com distintas características -, alguns inclusive podem ainda preservar os traços das pequenas comunidades do espaço rural. Aqui, temos uma afinidade teórica com a realidade antropológica das nossas "Ilhas". Todas elas, sem excepção se estruturam e configuram numa rede de interacções sociais de grande proximidade, típicas das pequenas comunidades rurais. No fundo, são uma espécie de aldeias na cidade pós-moderna (Gonzalo Abril, 1999:207 e ss.).
Manuel Castells sobre a importância da cidade e dos movimentos sociais em prol da mesma,considera por exemplo, que é cada vez mais importante a valorização da cidade em torno da reestruturação dos bairros em função dos seus próprios valores culturais. Aliás, sobre esta realidade socioantropológica das "Ilhas", um dos moradores da Ilha bairro da Bela Vista, sito na rua D. João IV, propriedade da Câmara Municipal do Porto, ao longo da nossa visita à "Ilha" o Luís foi-nos dizendo de forma muito insistente, que «...o mais importante aqui são as pessoas!».
A "Ilha" é uma espécie de arca da memória, de pequeno museu onde se guardam de forma operativa vivências, socializações e partilhas. Umas positivas e outras mais negativas, associadas à exiguidade da pequena casa, às poucas condições sanitárias e de infra-estruturas públicas. As positivas revelam um micro-cosmos rico e diversificado de interacções e jogos sociais, entre os mais pequenos ( a"canalha") como gostam de dizer e os mais velhos.
Aqui, lugar e território cruzam-se numa rede complexa de interacções sociais, de vidas e de emoções, uma espécie de reconhecimento do lugar antropológico mais concreto e real.O lugar é uma espécie de pequena plataforma de trajectórias de vidas, onde cada família, cada morador de acordo com as suas possibilidades e aspirações projecta processos de mobilidade social. Para Anthony Giddens o «termo lugar não pode ser usado em teoria social simplesmente para designar um "ponto no espaço", como tampouco podemos falar de pontos no tempo como uma sucessão de "agoras". O que isso significa é que o conceito de presença -,ou melhor, de mutualidade de presença e ausência - tem de ser explicado em termos tanto da sua espacialidade quanto da sua temporalidade» (1995:95 e ss.).
Estas tipologias do habitar urbano, que designamos por "Ilhas" estruturam a sua morfologia fisica e social, em função de um conceito de local forte, com referências de grande complexidade ao úso do espaço a fim de fornecer os cenários da interacção, essenciais à sua contextualidade. Estamos perante locais com uma forte acessibilidade de presença, com relações sociais de forte integração social e integração sistémica. Não nos podemos esquecer que estamos perante um local de residência com um corpo ecológico e arquitectónico de grande singularidade, com meios de mobilidade e de comunicação tipicamente urbanos, com relações de apropriação fortes e afectivas ao mundo circundante. Estas condições são fundamentais na construção de uma identidade contrastiva positiva entre este micro-espaço e a grande cidade (Giddens,1997:604). As "Ilhas do Porto" afastam-se de forma radical do conceito e imagem de bairro periférico do subúrbio da cidade canónica. Estes bairros de subúrbio são construções arquitectónicas localizadas em não-lugares, onde as relações sociais são impessoais, frias e distantes. Uma espécie de cidades ao alto, deslocadas e estigmatizadas na forma e na função.
As "Ilhas do Porto" caminham em direcção a um urbanismo social e a uma filosofia que valoriza a urbanidade e a vida na cidade. Por exemplo, Wirth já defendia o urbanismo como modo de vida, isto é, a sua tese suponha por exemplo que o urbanismo era uma forma de existência social de tal forma que para este autor «las influencias que las ciudades ejercen sobre la vida social del hombre son mayores de lo que indicaría el percentaje de población urbana; pues la ciudad no sólo se está convirtiendo en el lugar de assentamiento y trabajo del hombre moderno, sino que es además el centro que inicia y controla la vida económica, politica y cultural, el centro que ha atraído a las más remotas comunidades del mundo a su órbita..» (1934:342 e ss.). Wirth (1934) aceita que a densidade da vida social nas cidades possa conduzir a uma formação de pequenos bairros com distintas características -, alguns inclusive podem ainda preservar os traços das pequenas comunidades do espaço rural. Aqui, temos uma afinidade teórica com a realidade antropológica das nossas "Ilhas". Todas elas, sem excepção se estruturam e configuram numa rede de interacções sociais de grande proximidade, típicas das pequenas comunidades rurais. No fundo, são uma espécie de aldeias na cidade pós-moderna (Gonzalo Abril, 1999:207 e ss.).
Manuel Castells sobre a importância da cidade e dos movimentos sociais em prol da mesma,considera por exemplo, que é cada vez mais importante a valorização da cidade em torno da reestruturação dos bairros em função dos seus próprios valores culturais. Aliás, sobre esta realidade socioantropológica das "Ilhas", um dos moradores da Ilha bairro da Bela Vista, sito na rua D. João IV, propriedade da Câmara Municipal do Porto, ao longo da nossa visita à "Ilha" o Luís foi-nos dizendo de forma muito insistente, que «...o mais importante aqui são as pessoas!».
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