sábado, 28 de janeiro de 2017

O PORTO é um PONTO!


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O Porto é um PONTO!
A cidade do Porto tem vários problemas de natureza estruturante, um deles é o vazio imposto por políticas de habitação e de cidade contra a coesão social e a qualificação em beneficio de um modelo rentista e capitalista que viu na cidade uma forma de ganhar dinheiro de forma fácil e parasitária. Outro e mais actual é o envelhecimento da cidade.

O Porto no que se refere à estrutura demográfica vive um problema de envelhecimento com taxas absolutamente trágicas.

O Porto é uma espécie de "Alentejo Demográfico". Freguesias como Bonfim com taxas de envelhecimento populacional acima das taxas trágicas que caracterizam o Alentejo e o interior do Douro e Beira Alta.

Estamos perante uma realidade sem retrocesso, e as Políticas são todas nada amigas da integração dos mais jovens na cidade. 

O outro problema é o desaparecimento do trabalho na cidade. A economia produtiva foi substituída por uma economia de serviços em função das modas e das circunstâncias. Uma economia de serviços que promove um trabalho precário e desregulado, sem direitos sociais e sindicais.

O Porto já não é a Manchester de Portugal!...

O Porto é um PONTO! 
NÃO.

O PORTO É UMA NAÇÃO.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Seminário do Porto - A CIDADE DA PARTICIPAÇÃO

Seminário do Porto                                 
A CIDADE DA PARTICIPAÇÃO
                                                       4 Fevereiro 2017       
Auditório da Freguesia de Santo Ildefonso


Objectivos
Este seminário tem como principal objectivo aprofundar as questões teóricas, metodológicas e técnicas nas áreas da habitação básica participada a partir da experiência desenvolvida pelo Laboratório de Habitação Básica (Labhb), pela Associação de Moradores, pela Câmara Municipal do Porto, a Imago como equipa técnica, o Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.Nova_UMinho) na reabilitação/renovação da Ilha da Bela Vista na cidade do Porto.
As problemáticas estão centradas nas questões das políticas e dos programas de habitação básica participada e a sua relação com os princípios do Direito à Cidade e à Habitação.
Durante este seminário pretende-se também reflectir sobre “A Cidade da participação” a partir do aprofundamento das metodologias colaborativas e participativas que são a base da construção de uma cidade social e culturalmente mais justa, onde seja possível construir uma cidade diversificada, multicultural, interactiva e cosmopolita.

Programa

9.00 – Recepção
9.30 - Abertura do Seminário
            Fernando Matos Rodrigues, Lahb
António J. Cerejeira Fontes, Lahb/Imago
António Fontelas Lopes, Associação de Moradores Ilha da Bela Vista
António Fonseca, Presidente União de Freguesias Centro Histórico do Porto         


10.00 – Conferência de Abertura do Seminário do Porto
“Economics Bases Of Urbanization”        
 Marco Kamija, UN-HABITAT
Comentam
 Manuel Carlos Silva, Prof. Catedrático ( CICS.Nova_UM /  LAHB)
José Alberto Rio Fernandes, Prof. Catedrático ( FLUP)
           
1.ª Parte – A Cidade da Participação

11.00 – Modelos, Metodologias e Experiências Participativas em Programas de Habitação (com base nos textos do livro “A Cidade da Participação”).
Intervenientes:
Manuel Carlos Silva(CICS.Nova_UM), Fernando Matos Rodrigues(CICS.Nova_UM/LAHB), António J. Cerejeira Fontes (LAHB/Imago), David Viana(Fac. Arquitectura Nottingham), Isabel Raposo(FA-UL), Elena Tarsi(Univ. Firenci-Italia), André Cerejeira Fontes(EA-UM/LAHB/Imago).
                                                                                                          


12.00 – Apresentação do Projecto de investigação “Modos de Vida e Formas de Habitar nas ilhas e bairros populares do Porto e de Braga”, aprovado pela FCT 
Interveniente:
Manuel Carlos Silva, Coordenador do projecto de Investigação
João Teixeira Lopes, Prof. Catedrático (IS-UP)






13.40 – Almoço

2.ª Parte do Seminário – Habitação e Direito à Cidade
16.00 – A importância da implementação de políticas e programas de habitação básica  participativos
                                   
Caso Um - Projecto de Investigação-Acção/ Os bairros do Picoto e Santa Tecla em Braga: por um programa de pesquisa e participação
Paula Nogueira (Projecto CICS.Nova_UM) 
Sílvia Gomes (CICS.Nova_UM)

Caso Dois - Por um Processo Participativo de Reabilitação no Bairro Municipal de Viseu.
Apresentação Pelo Movimento O/Bairro (Viseu)

Caso Três – Habitação Básica Participada: programa, projecto e processo de realojamento na ilha Renovada da Bela Vista
Fernando Matos Rodrigues, António Jorge Fontes e António Fontelas Lopes

17.30 – Apresentação do Livro “A Cidade da Participação. Projecto de Arquitectura Básica Participada na Ilha da Bela Vista” , com a participação dos coordenadores editoriais, Susana Varela e de
José Sousa Ribeiro, Edições Afrontamento
Manuel Correia Fernandes, Vereador Urbanismo CMP
Manuel Pizarro, Vereador de Habitação CMP          
Cláudia da Costa Santos, Presidente ORSRN

Encerramento
Manuel Carlos Silva, CICS.Nova_UMinho / Lahb

19.00 - Porto de Honra

Comissão Científica
Manuel Carlos Silva / Fernando Matos Rodrigues/Isabel Raposo/António J. Cerejeira Fontes/André Fontes/David Viana/António Cardoso/ Elena Tarsi
Comissão executiva
Ana Jorge / Gonçalo Mendes / Diogo Matos Rodrigues / António Fontelas Lopes

Organização
Laboratório de Habitação Básica /Imago
CICS-Nova_ pólo da Univ. Minho
Associação de Moradores da Ilha da Bela Vista
Parceiros
Câmara Municipal do Porto
União Freguesias do Centro Histórico do Porto
Edições Afrontamento
Ordem dos Arquitectos SRN
Comissão de Moradores do Riobom/Fontainhas
Apoios
Associação Comercial do Porto              



sábado, 7 de janeiro de 2017

Porto, Cidade Vazía: emparcelamento, soluções formalistas e fachadismo


 O "Porto, Cidade Vazía" remete-nos para a problemática da renovação e da reabilitação da cidade densa perante novos interesses, novos capitais, novos programas e novas escalas que associam novas funções e novos actores.

Deparamos com o aparecimento de novos problemas e com o agravar de outros que já vinham das décadas de 50 e 70 do século XX. Neste sentido, não podemos ignorar  o que se passou durante a implementação das políticas de habitação na ditadura do Estado Novo, onde se promoveram deportações em massa de moradores das freguesias do centro da cidade para as periferias dos blocos das casas económicas construídas a partir do Plano de Melhoramentos para as cidades de Lisboa e Porto.

Estamos a falar da especulação imobiliária. Da subida do preço por metro quadrado para valores fortemente especulativos na cidade do Porto e de Lisboa. Da pressão dos proprietários e das imobiliárias sobre os antigos residentes que começam a ser pressionados para abandonarem estes lugares no centro da cidade. A deportação das classes mais vulneráveis e pobres para os blocos periféricos, como por exemplo: Cerco, Lagarteiro, Contumil, Ramalde, etc. 

Assistimos nestas últimas décadas a uma des-temporalização e a uma des-localização da vida na cidade do Porto, pensamos a nossa vida e estruturamos a nossa identidade ( o nosso self) a partir da cidade do centro, mas vivemos na cidade periférica do não-lugar. Vive-se no Lagarteiro ou no Cerco (uma espécie de gavetas onde se acumulam familias inteiras sem memória e sem cidade) mas as nossas memórias, as nossas referencias de vida, as estruturas socio-antropológicas da comunidade de pertença à cidade estão nos bairros e ilhas localizadas nas freguesias da Sé, Miragaia, Santo Ildefonso, Bonfim, Cedofeita, etc.

Este programa político de deslocalização e de deportação dos moradores do centro da cidade para as novas periferias, teve como fundamento as teses da higienização e da salubridade, do sanitarismo público e da segurança, promovidas pela ideologia do regime e apadrinhadas pelo emergente capitalismo burguês da cidade que aspirava à expansão da malha urbana para lá dos limites físicos da cidade consolidada. Sem esquecer o papel ideológico da "casa nova" fora da cidade como instrumento sedutor da deportação. A oposição entre o "habitar os cortiços doentios das ilhas" e o "conforto higienista" da casa nova ao serviço de uma ideologia que tinha como suporte uma moral asfixiante e bloqueadora das aspirações e das mobilidades sociais.

A deslocalização e a deportação destas famílias que viviam na cidade para outros não-lugares, provocou uma perda de noção de pertença ao espaço social e cultural da cidade, bem como agravou o sentimento de desintegração sobre o efeito de estilhaço nas identidades individuais dos grupos sociais mais vulneráveis, acentuando de forma preocupante situações de grande exclusão.

Este problema agrava-se ainda mais na cidade antiga, quando o valor económico anda associado ao valor imobiliário. Esta associação capitalista vai acelerar os fenómenos de deslocação e de desterritorialização (do centro para as periferias) com a consequente perda do território, da casa, da comunidade, do trabalho, dos laços familiares e de vizinhança.

Assistiu-se nestas últimas décadas a um processo de desurbanização progressiva, o que nos leva a falar de um período de pós-arquitectura, de pós-urbanismo ou de pós-urbanidade: o espaço urbano entendido como lugar de memória e de tempo, carregado de sentidos simbólicos, capaz de propiciar  o reencontro com acontecimentos colectivos memoriais, e per si, capaz de reactivar sociabilidades dilui-se com a implementação das cidades temáticas (turistificadas) e zonificadas, monofuncionais e hiper-especializadas. Com a valorização de um urbanismo de miniatura, anárquico, próprio da cidade caótica e fragmentada.

O lugar urbano foi aos poucos convertendo-se no seu oposto, o não-lugar. É o aparecimento de empreendimentos imobiliários de mega-escala, a partir do emparcelamento de pequenos lotes da morfologia da cidade antiga que  fazem a promoção de programas fortemente especulativos e erosivos da identidade socio-económica e cultural das cidades.

Assiste-se à intervenção por parte dos poderes locais e nacionais ( ver por exemplo: o aparecimento de Sociedades de Reabilitação Urbana, com autonomia nos licenciamentos e na alocução de fundos a programas de renovação/reabilitação independentes da Fiscalização Política ), a implementação de ARU`s, com a introdução de instrumentos fiscais e de capitais públicos e privados, etc.

A implementação destes  grandes processos de transformação urbana, conduzem ao aparecimento de situações fortemente especulativas, com a expulsão dos vizinhos mais incómodos ( pobres, velhos, reformados, jovens sem recursos, imigrantes, estudantes, etc. ) em beneficio de um novo sector dominado por lofts, lojas de moda, hostels, alojamento local, hotéis de luxo, restaurantes e bares destinados a turistas e a gente de "nível".

Estamos assim, perante a implementação de estratégias que favorecem a tematização e a espetacularização da cidade e da vida urbana. A substituição da cidade das pessoas por uma espécie de parques temáticos, gentrificados por novas classes detentoras de um poder económico que inflaciona as rendas e o solo urbano.

O aparecimento de programas de reabilitação que destruindo o interior dos edifícios promovem o emparcelamento da propriedade urbana com o aparecimento de  um fachadismo estilístico e vazio de sentido histórico e cultural.

Estamos perante o empobrecimento social e arquitectónico da nossa cidade. Esta nossa visão não significa que se negue a necessidade de qualificar e transformar a cidade. Mas, esse processo de renovação deve ser implementado segundo os Princípios do Direito à Cidade para todos sem excepção. O que se critica é o facto de se entender que na cidade antiga não possam viver lado a lado todas as classes e grupos sociais, sejam eles: operários, estudantes, banqueiros e tecnocratas, reformados e imigrantes.

O centralismo simbólico não pode ser um instrumento ao serviço da integração dos mais ricos e da expulsão dos mais pobres!