sábado, 16 de abril de 2016

PORTO BEFORE PORTO: a cidade da representação versus a cidade da exclusão




O Porto é hoje uma cidade assediada por um capitalismo financeiro internacional que descobriu no território uma fonte de enriquecimento rápido, e que deseja converter a Capital do Norte, a cidade do trabalho, do comércio local e das pessoas, num antro de consumo com uma sociedade humana lá dentro.

A Cidade é assim objecto de requalificação ao serviço dos interesses das grandes corporações internacionais, associando capitalismo liberal a voluntarismo político local e regional.

A Cidade do Porto é assim uma espécie de caricatura e paródia de vida urbana, transformando-se numa máquina de exclusão, expulsando os seus moradores para os bairros municipais periféricos e desumanos, bem como destruindo o sector secundário do pequeno comércio e pequenas oficinas de rua.


Assiste-se, ao desmoronar de toda uma economia de rua com consequências profundas na qualidade e vitalidade económica, cultural e social endógena da cidade do Porto. O desmantelamento de ateliers e pequenas oficinas, carpintaria e mercenária, de arte e de animação, de produção artística e cultural. Porque, não conseguem suportar as novas rendas, próprias de um mercado fortemente especulativo e irracional.

No fim de semana passado, assisti de forma incrédula ao desmantelamento de uma oficina na rua Alexandre Herculano, com a venda de instrumentos de carpintaria, de mesas de montagem, de pinturas, telas, candeeiros, microondas, frigorífico, salamandra, sofás, cadeiras de estirador, andaimes, focos de luz, toda uma vida dedicada à produção artística que se evaporou em segundos. Uma comunidade de produtores, de gente bonita e inteligente, que servia a cidade, contribuindo para enaltecer a sua singularidade e diferença em relação à tantas outras cidades

O Porto: uma cidade de artistas, de arquitectos, de cineastas, de mestres de obras.

Os preços por metro quadrado na cidade compacta sobem para valores incomportáveis por aqueles que trabalham, vivem e têm que pagar rendas pelas oficinas e comércio que dão à cidade do Porto esse sentido cosmopolita de urb.


Esta situação agrava-se ainda mais, porque perante a exclusão de uns, também impossibilita que os jovens possam voltar à cidade compacta e qualificada.


As políticas camarárias não podem ignorar esta situação, nem podem fazer de conta de que nada disto esta a acontecer por políticas municipais que promovem a concentração da população em bairros subúrbio, como Lagarteiro, Contumil, Cerco, etc. Urgente um debate público sobre a actual realidade, porque ainda é possível mudar de programa e de políticas.


E se for caso disso, de políticos!

Sem comentários:

Enviar um comentário