Todas as pessoas têm direito a um nível de
vida condigno. O acesso a uma habitação condigna é essencial para se alcançar
esse nível de vida e consequente realização da vida humana para lá da simples sobrevivência.
A habitação preenche as necessidades físicas ao proporcionar segurança e abrigo
face às condições climatéricas; as necessidades psicológicas ao permitir um
sentido de espaço pessoal e privado; as necessidades sociais, na medida em que
proporciona uma área e um espaço comum para a família humana, a unidade base da
sociedade. Em muitas sociedades, preenche igualmente as necessidades económicas
ao funcionar como um centro de produção comercial.
O direito do ser humano a uma habitação
condigna é um direito que assiste toda a mulher, homem, jovem e criança a
adquirir e sustentar uma casa e uma comunidade seguras onde possam viver em paz
e dignidade.
O direito à habitação é reconhecido como um direito humano na
Declaração Universal dos Direitos do Homem:
"Toda a pessoa tem direito a um nível de
vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência
música e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à
segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou
outros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade". (Artigo 25º, nº 1)
O crescimento populacional, a migração para
as áreas urbanas, as necessidades contraditórias pelas terras existentes e os
recursos naturais e financeiros insuficientes resultam no aumento dos
sem-abrigo e de habitações inadequadas. Em todos os países homens, mulheres e
crianças dormem nos passeios, debaixo de pontes, em carros, estações de metro,
parques públicos, guetos e barracas ou ocupam edifícios abandonados. Segundo as
estimativas das Nações Unidas, mais de 100 milhões de sem-abrigo e mais de mil
milhões de pessoas no mundo inteiro vivem em habitações inadequadas.
Estas estatísticas provam a dificuldade que
os governos têm em garantir aos seus cidadãos o acesso à habitação, mas também
levantam questões complexas sobre até onde deve ir esta obrigação
governamental.
O facto do alojamento ser considerado uma
necessidade humana não significa que os governos devam proporcionar a todo o
seu cidadão terra, quatro paredes e um telhado.
A controvérsia pode portanto
emergir a partir do que os governos devem fazer para ajudar os indivíduos a
exercerem os seus direitos e obterem uma habitação. De uma forma geral, a
actuação de um governo é específica ao seu país e depende de inúmeros factores
económicos, culturais e sociais. Em alguns casos, aumentar o acesso à educação
ou ao mercado de trabalho é a melhor maneira para assegurar o direito à
habitação visto que a realização desses direitos conduz geralmente a um maior
acesso à habitação.
Noutros casos, é necessário que os governos
forneçam directamente alojamentos materiais. Mas se não tivermos em conta as
acções já realizadas pelos governos, em todos os países existem pessoas que,
devido a questões pessoais, nomeadamente incapacidades físicas ou emocionais,
questões ambientais, tais como desastres naturais ou fome, ou questões sociais
como a guerra e a instabilidade política, são incapazes de arranjar habitação.
Nestas situações, os governos são obrigados a facilitar o acesso à habitação.
Os governos são obrigados a funcionar como sistemas justos e estáveis através
dos quais os seus cidadãos podem alcançar a satisfação dos seus direitos.
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